É impressionante como a carapaça que é descartada é tão detalhada, parece mesmo que existem dois caranguejos na foto! - O exoesqueleto não é deste caranguejo, observe que ele possui a garra maior na quelícera direita, e o caranguejo, na esquerda.
Eu já havia ouvido falar que era possível uma regeneração dos apêndices em caranguejos e outros crustáceos, mas não tinha a mínima noção de como isso seria feito, e se de fato seria. Um belo dia simplesmente me deparei com o exoesqueleto antigo dessa fêmea, e ela estava ali também, com todos os pereópodes (nome dado às patas de crustáceos) novamente! Veja:
No exoesqueleto que foi deixado, ainda faltam as três pernas... - Agora vamos ver no caranguejo!
Três pereópodes novinhos! Estes possuem até a cor diferente, por serem estruturas novas no corpo do animal.
Peguei a carangueja com muito cuidado, e realmente dá para sentir que seu corpo está mais frágil, literalmente mais mole, pois ela acabou de realizar uma troca completa de exoesqueleto.
É por isso que estes animais se escondem por alguns dias após realizar a ecdise, pois ficam muito frágeis e desprotegidos com essa carapaça nova.
Dessa vez não quis dar chance pro azar; Ela ficou uma semana em um aquário menor, sozinha, para que quando voltasse para seu terrário não corresse o risco de perder suas patas de novo.
Você sabia que os indígenas já sabiam disso?!
Pois é! Há muito tempo, os povos que capturavam caranguejos para se alimentar já sabiam que não era necessário matar o animal!
O caranguejo não possui muita carne aproveitável sem ser nas pinças, então em vez de sacrificar o animal para aproveitar somente suas pinças, eles retiravam apenas uma, pois sabiam que depois de um tempo ela se regenerava!
Infelizmente povos que se julgam mais evoluídos retiram grandes quantidades de caranguejos para consumo, o que anda causando desequilíbrios ambientais, e inclusive ameaçando algumas espécies, como é o caso da espécie Ucides cordatus, considerada ameaçada no estado do Paraná.
Fêmea de chama-maré e sua carapaça após a ecdise: A regeneração de fato é real!